quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Sobre a Fábrica de Sal de Ribeirão Pires


Carlos Lotto

Estive hoje, 01/02/2016 na sessão da Câmara Municipal de Ribeirão Pires, onde deveria entrar a pauta da doação do terreno da Fábrica de Sal, o que não ocorreu. Segundo bastidores a estratégia seria a da sua inclusão como pauta de emergência.

Após o atraso de uma hora, onde o s vereadores se reuniram para definir as pautas, o vereador da oposição Renato Forense achou devido explicar aos presentes que o assunto da Fabrica deveria ser discutido numa audiência pública, com horário previamente divulgado, e não em caráter de urgência conforme solicitou o prefeito, que sequer distribuiu o ofício para a apreciação dos gabinetes da Câmara.

Havia cerca de 100 pessoas e certo tumulto após o convite à fala do antigo dono da Fábrica de Sal, cujo terreno foi desapropriado sendo paga apenas a parcela de entrada, há alguns anos.  Ele é a favor do uso social do imóvel.

Um vereador da situação justificou a doação pela degradação do imóvel e sua ocupação por marginais, usuários de drogas e prostituição, tendo que ouvir do ex-proprietário que essa situação é resultado do descaso da administração pública.

A sessão foi interrompida por 10 minutos no começo do tumulto, pelo presidente da Câmara, em seu quinto mandato, que afirmou ali que “A polícia era ele”! Mas ele chamou a polícia de verdade para pressionar o comportamento da audiência.

O desmanche dos equipamentos históricos, o desmatamento irresponsável, a falta de clareza e foco da administração municipal, a conseqüente pulverização do comércio local foram alegações dos vereadores para uma audiência pública, onde representantes do Conselho de Patrimônio Histórico, Institutos Ambientais, Urbanistas, Associação Comercial e população seriam ouvidos. Houve a sugestão da data para a quinta pós-carnaval, 11/02/2016, 19 h, a ser confirmada. Saí antes do final da sessão.

Outros locais da cidade foram citados como possibilidades para o Shopping pretendido pelo prefeito, inclusive de outras empresas abandonadas, sem o valor histórico do prédio da Fabrica de Sal, a primeira do Estado e a segunda do país.

A imprensa de três jornais regionais estava lá: Diário do Grande Abc, ABCD Maior e Tribuna de Ribeirão Pires, além de fotógrafos e representantes de várias instituições, mas nenhuma citada oficialmente. A minha conclusão é que a Fábrica de Sal é apenas a ponta da pirâmide das irresponsabilidades da gestão pública, como sempre.

Um comentário:

  1. QUE CIDADE QUEREMOS? Creio que este momento político, onde a Fábrica de Sal é o emblemático do momento, porque poderia ser qualquer outro espaço abandonado, visto que em Ribeirão Pires existe hoje abandono por parte do poder público até dos semáforos, temos em nossas mãos um PONTO DE CONVERGÊNCIA, em que diversos MOVIMENTOS DA CIDADE, podem se reunir para discutir QUE CIDADE QUEREMOS? Isto pra mim já me basta, porque há tempos nesta terra, reina um certo vazio, um arroz com feijão requentado e as vezes um ovo frito de gema mole. Cheguei em Ribeirão em 1998, fiz parte junto com outras pessoas de minha geração, de um Movimento muito forte, a Cultura era Viva, a Cidade comportava espaços para discutir seus próprios rumos coletiva e participativamente. Hoje vejo uma retomada, uma Esperança nas Ruínas da Fábrica de Sal, não se trata somente de discutir como será a redestinação pública do espaço ou qual o valor que este patrimônio histórico agrega a configuração da própria cidade. O que vi foi muito maior. Diversos movimentos reunidos, tinha o Movimento Cultural, lideranças do Movimento hip-hop, famílias com filhos que não pertencem a qualquer movimento de classe, educadores, artistas, feministas, representantes de partidos políticos, sindicatos, crianças e jovens. Todos estavam lá reunidos tentando fazer ECOAR em uma só voz, QUE CIDADE QUEREMOS!!! O projeto que se colocará em mais este espaço público ameaçado. Porque particular são as nossas casas e os nosso carros. O fato é que a cidade cresce e os espaços públicos parecem diminuir. O que é bem visível, são Munícipes tentando fazer com que as autoridades VEJAM O ABANDONO, e a FALTA DE UMA OCUPAÇÃO PARTICIPATIVA REAL EM RIBEIRÃO PIRES. Ocupação esta que garantirá um futuro com qualidade para os nossos filhos, munícipes e nativos. Até uma árvore tem dono no projeto atual de Governo. Quando uma guardinha GCM olha para um pai durante a ocupação cultural e diz que é proibido colocar uma balança improvisada com uma corda na árvore ( que já não é podada há anos) num entorno todo fudido ( é só olhar para a Biblioteca Municipal), fica muito claro que é URGENTE discutir, QUE CIDADE QUEREMOS. A cidade não é do Prefeito, não é dos vereadores, nem da equipe de governo. A Cidade é NOSSA e estes que se colocam como donos deveriam saber que são apenas representantes. E para bom entendedor, o conceito de CIDADE e de CIDADANIA é um SÓ!!!
    A Fábrica de Sal neste sentido se faz lindamente EMBLEMÁTICA, não só pelo Patrimônio Histórico que representa, mas por tudo que um espaço público precisa comportar. A Política atual está se comportando mal faz tempo, e isto fica evidente ao ocuparmos o que parecia morto, ou o que foi morrido por abandono.
    Ressuscitar este espaço é a bandeira do Movimento, é o SAL DA TERRA, ou o SAL DE RIBEIRÃO como queriam. O que tem de plano de fundo ou batalhão de frente é RESSUSCITAR A CIDADANIA. A Fábrica de Sal, pra mim é a bandeira que nos une. Hoje senti o coração desta cidade pulsando novamente. Não sentia isto há quase duas décadas. Parabéns a todos que estão compondo este movimento. Ele é de todo cidadão Ribeirãopirense que deseja discutir QUE CIDADE QUEREMOS. Waleria Volk professora e mãe de skatista

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