sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

I Encontro Paulista dos Pesquisadores da Cultura



Nos próximos dias 9 e 10 de fevereiro será realizado, no campus da USP-Leste, o I Encontro Paulista dos Pesquisadores da Cultura. Trata-se de uma realização do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
Quatro participantes do nosso Fórum Permanente de Debates Culturais do Grande ABC estão inscritos para apresentar comunicação de suas pesquisas: Carlos Lotto, Julio Mendonça, Silvia Helena Passarelli e Simone Zárate.
Transcrevemos, a seguir, os resumos das pesquisas que irão apresentar. Ao final, há um link pelo qual se pode acessar a programação completa do Encontro.

PRODUÇÃO CULTURAL E RESSOCIALIZAÇÃO
Carlos Lotto
Trabalho desde 1995 com grupos em situação de exclusão social: portadores de deficiência física, sofrimento mental, dependência química, detentos e adolescentes em condições de vulnerabilidade. São projetos desenvolvidos pelas prefeituras do ABC em parceria com ongs e cooperativas de arte-educadores. As atividades propostas, sempre através da investigação de uma linguagem artística ou multi-linguagens, visam que os indivíduos readquiram suas funções de cidadãos, superando suas dificuldades e as condições precárias do meio em que vivem.
O resgate da própria voz, como observador, agente, critico e modificador de sua própria historia, integrado à sua comunidade e situação politíco-histórica é o objetivo de um programa de ações cujo viés principal é a produção artística.
Transformar o “excluído” num produtor cultural, com autonomia, capaz de articulações, diálogos e debates, catalisador de informação e gerador de conhecimento é o resultado almejado e muitas vezes conseguido, em vários níveis.
Como priorizo o hábito da leitura, redação e interpretação de textos, tenho um vasto material escrito por públicos diferentes, digno de apreciação e ainda não organizado no formato de tese. A partilha desta documentação em eventos com este pode ser um estimulo para um estudo mais analítico

METODOLOGIAS DE FORMAÇÃO PARA A PARTICIPAÇÃO CULTURAL
Julio Mendonça
Apesar de constatarmos a ampliação, nos últimos anos, de canais e instrumentos de participação cultural, a efetivação do envolvimento nesses canais e a construção de outros em áreas em que eles se fazem necessários requerem ações de estímulo à participação e a construção de uma cultura participativa. Uma das principais questões que se colocam é a de como criar estratégias para conscientizar sobre a importância da participação no processo de construção de políticas públicas de cultura e como estimular esta participação de forma a potencializar os canais e instâncias, formais e informais, instituídos ou a instituir. A comunicação apresenta o resultado de uma pesquisa sobre elementos fundamentais e técnicas de formação para a participação cultural.

PATRIMÔNIO CULTURAL: DISCURSO E PRÁTICA NA REGIÃO DO ABC PAULISTA
Silvia Helena Passarelli
Desde a década de 1980 os municípios do Grande ABC têm desenvolvido propostas de atuação na área da preservação do patrimônio cultural em diferentes abordagens. A valorização do patrimônio cultural edificado à implantação de museus, a criação de legislação de preservação do patrimônio cultural à promoção de debates sobre a história local e regional são algumas das iniciativas empreendidas na região. Patrimônio cultural passou então a ser conceituado de forma ampla, abrangendo “as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”, como propõe o artigo 216 da Constituição Federal. Este artigo se propõe a analisar a prática das políticas de preservação das cidades do ABC que, apesar da evolução do conceito não se operacionaliza na gestão do patrimônio cultural, por vezes por falta de compreensão do conceito, que continua valorizando os monumentos e bens públicos ou de uso público, como igrejas e equipamentos culturais, enquanto conjuntos que caracterizam a paisagem regional são frequentemente objetos de interesse do mercado imobiliário e ignorados pelas políticas de preservação.

SANTO ANDRÉ CIDADE FUTURO – ESTA CIDADE É SHOW: VERSO E REVERSO DAS POLÍTICAS CULTURAIS.
Simone Zárate
Trata-se de análise comparativa entre as políticas culturais de duas gestões do Partido dos Trabalhadores na cidade de Santo André-SP (1989-1992/1997-2000) e da relação das políticas públicas de cultura com um modelo de intervenção urbana denominado planejamento estratégico de cidades globais. Enquanto na primeira gestão a política cultural possibilitava a apropriação da informação através de uma rede de fluxos formada a partir de programas implantados em toda a cidade, a prática da segunda gestão foi marcada, nos bairros, pela reprodução de manifestações já em circulação nos meios massivos de comunicação e, na área central, pela difusão de manifestações alternativas. Ao mesmo tempo, a segunda gestão do PT em Santo André aderiu ao planejamento estratégico de cidades globais que faz uso de ações culturais para a promoção interna e externa da cidade. A análise foi permeada por fatores relevantes para a teoria Multiple Streams de formação de agenda governamental e pelas dimensões de abrangência das políticas culturais. Consideramos que a contribuição desta pesquisa se localiza na necessária reflexão sobre o papel da mediação cultural como instrumento estratégico para a apropriação da informação por parte dos cidadãos e sobre o papel das políticas culturais no conjunto de políticas públicas.

2 comentários:

  1. Parabéns Julio, Lotto, Silvia e Simone! Vocês representarão de forma excelente o Fórum. Boa sorte no Encontro dos Pesquisadores! E nos tragam novidades. Abraços.

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  2. É dessa inteligência regional que o Fórum Permanente de Debates Culturais extrai a massa crítica, reserva necessária que dá/dará respostas quando respostas faltarem, que apontarará caminhos quando caminhos não estiverem na rota imediata.
    Desejo êxito a todos.
    dalila teles veras

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