segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Preservação da Memória

Simone Massenzi Savordelli

Muito se diz pela preservação da memória de alguém que passou pela vida deixando sua marca para não ser esquecida. Mas, as perguntas que faço são: o que é a preservação da memória? quais as ações que devem ser adotadas em prol da preservação da memória? o que se espera pela preservação da memória?

O primeiro passo foi tentar entender o que é memória e, segundo ‘Caldas Aulete’, memória é a ‘faculdade de conservar a lembrança do passado ou da coisa ausente’. Curiosa, o próximo passo foi me dirigir ao conceito de lembrança e no mesmo ‘Caldas Aulete’ verifico que a lembrança pode ser entendida como o ‘pensamento que se conserva por certo tempo na memória’.

Talvez uma conclusão lógica seja a de que a preservação da memória significa manter algo conservado e guardado de modo a não se perder no tempo.

Mas, pensando na trajetória de um artista, tenho que as pessoas que se dedicam à arte desejam expressar seus sentimentos, ideias, conceitos, pensamentos e momentos de modo a deixarem suas marcas eternizadas. O artista, por meio de sua obra, se mantém vivo por um tempo indeterminado. Assim, a preservação da memória de um artista que já não mais está presente é o meio de mantê-lo presente.

Para manter o artista presente, a preservação da memória deve ser “ativa”, ou seja, a obra do artista deve ser acessível para fazer com que o artista continue sua trajetória, pois se a preservação for no sentido de conservação do acervo com inúmeras restrições de acesso ao público, o artista acabará sendo lembrado por poucos e aos poucos sua memória se tornará uma espécie de “arquivo morto” aonde alguns irão se dirigir para eventuais pesquisas históricas e a memória será mais uma lembrança do pensamento que uma ‘preservação da memória do artista’.

Entendo a preservação da memória como a preservação da vida e da obra do artista assim como ele mesmo o fazia. Entendo que a melhor forma de preservar a memória é fazer com que a obra do artista continue “ativa”, “viva”, “acesa” e “acessível” com todos os cuidados inerentes à peculiar situação de obras que se tornam únicas com a ausência do artista.

Neste sentido, as ações dirigidas aos acervos de artistas ausentes são tão importantes quanto as ações pensadas para os artistas em pleno desenvolvimento criativo e neste caminho a ‘faculdade de conservar a lembrança do passado’ transcende a simples preservação da memória para alcançar a preservação do artista e da sua obra dando-lhes o devido valor.

2 comentários:

  1. e a batalha p/ q a obra do artista continue acesa é nossa... e nem sempre é fácil.

    ResponderExcluir
  2. Pensando sobre a memória cultural da região, lembrei da época em acontecia a Feira do Livro, me dava grande visibilidade aos escritores da cidade, levava as escolas a pensar sobre o livro e mostrava não só a história, mas o presente vivo da Literatura do Grande ABC. E me pergunto se não é hora de por em pauta a criação de uma proposta de uma Feira do Livro, garantida através de um projeto de Lei, para que aconteça efetivamente todos os anos. Já temos um Salão de Arte, uma Bienal de Gravura. Fica aqui a sugestão para discussão, para que possamos mostrar que temos memória, presente e futuro.Jurema Barreto de Souza, editora da Revista A Cigarra

    ResponderExcluir

Se você não tem cadastro no Google, pode deixar seu comentário selecionando a opção Nome/URL no campo Comentar como logo abaixo.