domingo, 20 de janeiro de 2013

Imediatismo


Simone Massenzi Savordelli

Passado o tempo de festas e consequente reflexão sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre todas as coisas, percebi que o imediatismo impera.
Em alguma passagem de minhas leituras, vi uma colocação de um grupo no sentido de que os jovens também possuem memória. Algo que poderia pretender confrontar a memória passada com a memória presente. Algo que poderia pretender dar à memória presente e jovem uma maior importância.

A memória é sempre memória. Não há relação de maior ou de menor importância entre situações que são peculiares e que guardam o seu próprio momento.
O presente, um dia, será passado e tudo o que fazemos no presente poderá ter relevância, ou não, para ser fixado como memória. Memória no sentido de ser um ato, um fato, ou um pensamento que deve ser preservado, lembrado e utilizado como instrumento de base cognitiva para as gerações que vierem depois. É esta a importância da memória: o seu feito.

Os jovens constroem memória, certamente. Mas, creio que atualmente o que ocorre é uma corrida para a quantidade e não para a qualidade. O interesse tem o instante de um relâmpago. Parece que tudo acontece ao mesmo tempo, rápida e superficialmente. Há um imediatismo e uma ansiedade pelo próximo fato, pelo próximo acontecimento e para que todos os resultados sejam “agora”.
Neste contexto, fixar a memória é mesmo uma busca e uma luta porque as informações evaporam no espaço e no tempo.

Dentro desta necessidade do imediato a vida gira em torno de fragmentos, há dificuldade de organização e a desmaterialização torna a vida confusa e ... a memória deste tempo ...
A era digital traz uma facilidade de comunicação surpreendente, mas também fecha pessoas em cubículos e propicia o pensamento individual. As informações são tantas e tão passageiras que as manchetes se tornam a notícia inteira. O conteúdo, por vezes, é muito pouco aprofundado pelo receptor da mensagem.

Vale a imagem, poucas palavras, pensamentos curtos e conteúdo de pouca reflexão. Tudo para ser rápido. Tudo para ser muito. Muitos e-mails, muitas fotos, muitas mensagens... Mas, quando se pede para dizer sobre o que se viu: o que se viu?
Um disco em alta rotação, eu diria. Ele rodou inteiro, mas a música não tocou.

Diante da vida digital e moderna, é natural que jovens lutem por sua memória.
Mas, devo me insurgir para que esta memória seja rigorosamente registrada em seu conteúdo, com a calma necessária de uma vida inteira que naturalmente é percorrida. Há tempo! A memória é algo em constante construção.

Um átimo pode ser muito, ou pouco tempo. Tudo depende do propósito e do interesse de aprofundamento do pensamento que cada um possa ter, por si e pelo coletivo.

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