segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Abertura do Intercambio 7 cidades

Carlos Lotto

Na sexta dia 17/9 foi inaugurado o intercâmbio cultural organizado pelo GT de Cultura do Consórcio Intermunicipal do ABC. Secretários de cultura das 7 cidades, ou seus representantes, desfilaram, entre o entusiasmo de uns e a frieza de outros, os patrimônios de suas gestões, em sua maior parte herdados de seus antecessores e resumidos em projetos de formação de qualidade questionável, suficientemente apresentados em menos de 10 minutos cada um (com os devidos power point e data-show de praxe).

A exceção de Diadema e São Bernardo, que demonstraram algum vigor, nenhum tipo de programa de governo em relação à cultura foi apresentado  ou debatido, nenhum relacionamento cultural intermunicipal foi levantado, além de apoios insignificantes a Rio Grande da Serra, a prima pobre do grupo.

No entanto a reunião dos representantes oficiais da cultura regional é bastante importante e foi bastante trabalhosa dentro do Consórcio. É o primeiro passo para a discussão de políticas culturais ligadas à educação, meio-ambiente, saúde e inclusão, bem como a capacitação de agentes culturais, formação de publico, profissionalização dos artistas locais e fomento a projetos de interesse regional que transcendam aos orçamentos diminutos, às fronteiras entre os departamentos e à omissão dos governantes.

Faço questão de louvar a equipe da Secretaria de Cultura de São Caetano, visivelmente empenhada na discussão regional e incansavelmente ágil na coordenação do grupo.

O GT de Cultura só existe por iniciativa da sociedade civil, através do Fórum Permanente de Cultura capitaneado pela escritora Dalila Teles Veras. Que as próximas ações incluam outros representantes da produção cultural local, rica em diversidade e qualidade, apesar da falta de interesse da atual gestão do Consórcio no diálogo com as comunidades pouco organizadas, como as culturais. O Consórcio prioriza ações objetivas desenvolvidas dentro dos departamentos viciados por funcionários pouco interessados e em geral pouquíssimo capacitados.

Felizmente a cultura transcende a estes esquemas velhos e simplórios que servem apenas a estatísticas. Ignoradas ou não, remuneradas ou não, parceiras ou não, ações culturais continuarão ocorrendo. E grande questão continuará sendo: que tipo de cultura serve ao poder ou que tipo de poder serve a cultura? Nós da sociedade civil aguardamos o debate.

2 comentários:

  1. Lamentavelmente, este foi apenas mais um (e)vento. O intercâmbio cultural entre as 7 cidades que compõem o Grande ABC, ou um projeto de ações integradas regionais, foi um tópico reivindicatório, dentre outros, levado ao Consórcio Intermunicipal pelos representantes da sociedade civil (indicados pelo Fórum Permanente de Debates Culturais)e que foi largamente discutido com os gestores de cultura oficiais desde a criação do GT Cultura em março de 2008. Defendíamos/defendemos a criação de mecanismos que propiciassem o intercâmbio permanente de produtos culturais entre as cidades, ou seja, mensalmente cada uma das Prefeituras, através de suas respectivas Secretarias de Culturas, ofereceriam produtos artísticos/culturais que estivessem em circulação naquele momento em suas respectivas cidades (exposições, palestras, debates, espetáculos musicais), bem como corpos estáveis como orquestras, grupos de dança, etc, para se apresentarem com regularidades em outras cidades e colocando-se, em contrapartida, à disposição para receber outros produtos. Após todo esse tempo de discussões, o que se vê, novamente, é a coisa miúda, o varejo, o evento, o desperdício de tempo e energia para o esquecimento imediato. O retrocesso, sempre... Uma lástima!
    dalila teles veras

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  2. Tive a oportunidade de comparecer à abertura do Circuito 7 Cidades, bem como a experiência de participar com obras assinadas por Pierino Massenzi em exposição recebida por Diadema. Com a minha inexperiência pude experimentar algumas dificuldades. Pude observar o empenho, boa vontade e dedicação de alguns (que já receberam os meus agradecimentos), mas também pude observar que falta ouvir o artista e suas necessidades para que as ações sejam mais adequadas a cada tipo de produto-cultural. Quanto ao Circuito, pareceu mesmo um evento e creio que a formatação que a Dalila informa em seu comentário seja muito interessante. É possível um modelo de ciruclação permanente, desde que os esforços de todos os envolvidos sejam nesse sentido e desde que os artistas, produtores culturais e outros interessados possam ter voz ativa na realização, organização e adequação dos "equipamentos" às necessidades inerentes e peculiares a cada tipo de produção cultural (música, dança, teatro, literatura, exposições etc).
    Simone Massenzi Savordelli

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